— Claro, Amaretsu. E é por isso que a segui; caso se descontrole, direcionará para mim sua fúria, e não para sua capitã — Hera acenou positivamente para Amaretsu com a cabeça, caminhando ao seu lado, após o comentário. Kaguya suspirou em riso debochado, mas o motivo não era bem claro.
— Amaretsu, embora faça poucos dias, você está muito diferente, o que me deixa temerosa ao me lembrar de seu pai. Parece que passaram anos — Kaguya retirou uma pulseira eletrônica de um dos bolsos, prendendo-a no braço. — Este treino, portanto, terá dois objetivos. O primeiro é entender sua nova condição de poder. O segundo, é entender como isso afeta a licantropia… e como a licantropia está influenciando sua disciplina.
A pulseira começou a projetar hologramas de peças de armadura ao lado de Kaguya. As peças foram se materializando, formando uma armadura diferente da última que Amaretsu a viu usando. A armadura colocou-se à frente e, conforme Kaguya foi andando, vestiu-a automaticamente com o movimento.
— Estou testando um novo protótipo de armadura pessoal. Esta usa uma tecnologia parecida com a do mecha, mas não há nada nuclear. O material é pesquisa e patente da Academia.
Finalmente, chegaram ao "dojo" de treinamento. Hera recostou-se numa parede, os braços cruzados, enquanto Amaretsu e Kaguya foram para o centro do lugar. Era familiar; perdera uma luta treino algum tempo atrás, ali.
— Num combate real, é importante conhecer previamente o inimigo. Então você sabe que sou rápida. Mas, estará pronta para o que não pode prever?
Kaguya olhou com relativa curiosidade e, por que não, quase surpresa, a dança de energias do cosmo de Amaretsu, antes desta assumir sua pose de combate. Só depois de suspirar fundo, o capacete da asiática se fechou, quando ela então assumiu uma pose não ortodoxa: encostou as mãos no chão, os joelhos semiflexionados, em pose animalesca. Com a mão direita, sacou das costas uma espada moderna, brilhante. O fio da lâmina se iluminou de energia.

— Então vamos.
CarlosIniciativa!
Assim que Carlos se sentou, as pessoas olharam para ele em silêncio. Primeiro, Gracus riu e sumiu, como se fosse vapor. Depois, Terra entrou na parede, como se tivesse sido puxada (mas sem fazer alarde, sem parecer assustada). Kátia foi puxada para cima, entrando no teto como se fundisse a ele, como Terra havia feito na parede. Por fim, Cecilia deformou-se de maneira quase indescritível, sendo sugada pelos próprios olhos, que sumiram.
A luz piscou. Embora fosse dia, tudo ficou escuro, e ao acender novamente, havia um homem em pé em cima da mesa de Gracus. Dava leves saltinhos, movimentando o corpo como se estivesse se aquecendo.
— Carlos. É um prazer. Meu nome é Secreto, por enquanto. Lamento minha indiscrição com os efeitos, e também minha falta de educação em não me apresentar.
Tenzi
— Acho que é o melhor a se fazer… N-na verdade eu não sei o que fazer… — ela coçou a cabeça, meio perdida.
Quando Tenzi resolveu pegar no braço do soldado para levantá-lo, percebeu algo estranho. A sensação próxima que a barreira causava repentinamente sumiu, como se tivessem saído completamente de dentro dela. Ao olhar para trás, o Santuário e toda a região pareciam estar em movimento. Na verdade, o lugar onde estavam parecia estar se distanciando do Santuário, como se a terra fosse esticada repentinamente. A visão quase causava náuseas, ao que Agni, ao perceber, se ajoelhou e ficou respirando ofegante.
Talvez por parecerem estar muito longe, agora, não vinham mais o Santuário; apenas as ruínas, como enxerga quem viaja pela região sem saber que ali existe algo além do que pode ser visto. O som do vento e o silêncio do nada eram os novos companheiros dos dois (três).
Finalmente, o braço do soldado tornou-se frio e rijo. Sua pele tornou-se pálida, e Tenzi reconheceu o cosmo deixando o corpo. Mas algo estava estranho: a energia saiu pela boca e olhos, rapidamente seguindo para trás de uma colina. Parecia inteligente, propositalmente fazendo algo. Alguém estaria controlando aquele homem?
Um cosmo maior que o normal se fez presente atrás da colina. Era trevoso, e parecia satisfeito.
Cecilia
— Entendo — disse Gracus, aparentemente muito interessado. Ele ficou em silêncio algum tempo, antes de voltar a comentar. — Me parece uma experiência e tanto, a casa de Gêmeos. É uma pena e ao mesmo tempo uma bênção que eu nunca vá visitá-la.
Kátia assentiu para Cecilia, um sorriso sutil sentido pela alemã pela leitura de cosmo.
— Você… me parece bem jovem, Cecilia. Quase não combina com esta armadura. Como sempre, o Santuário a transformou numa amazona sem perguntar bem se queria, não é mesmo? Bem, sinta-se em casa. Podemos te ajudar, se desejar — o diretor tinha um certo negociador. Kátia pareceu não gostar muito.
Ocorreu um silêncio prolongado. Carlos se demorava no banheiro. Talvez não fosse tão fácil retirar a armadura para necessidades do tipo.
— Muito bem, já que Kaguya levou Amaretsu para uma análise física, e a amazona de Prata que estava com vocês também foi, receio que apenas vocês três — ele apontou para o banheiro — desejam saber como estão as instalações hoje em dia? Acabamos de restaurar o perímetro da Academia, em virtude do ataque terrorista de antes, como eu havia comentado com você, Kátia…
O celular de Kátia vibrou com uma mensagem. A pedagoga rapidamente pegou, avaliando. Sua expressão mudou um pouco, ficando mais séria, mas ela não transpareceu do que se tratava. Cecilia percebeu que o ritmo cardíaco dela aumentara.
— Creio que ainda temos algum tempo. Você providencia a documentação enquanto isso? O que acha, Cecilia?
— Ah, claro — o diretor pegou o telefone da mesa, digitou poucas teclas e aguardou o retorno, dando ordens administrativas para a confecção dos documentos necessários.
Próxima atualização: dia 20.10.2019, domingo, à noite.