Império de Jade: uma resenha depois da chegada do Tormenta20

Império de Jade: uma resenha depois da chegada do Tormenta20

Imperio de Jade

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Uma piada recorrente de primeiro de abril durante anos, Império de Jade finalmente se tornou realidade em 2018. Na ocasião, o RPG foi extremamente elogiado pelas novidades trazidas tanto ao universo quanto às regras de Tormenta.

Agora que temos o Tormenta20 em nossos computadores (e alguns sortudos já em mãos!), parece uma ótima hora para revisitar Tamu-ra e entender a importância do livro para o lançamento mais recente da Jambô. Vamos?

Influências do outro lado do mundo

É bem óbvio que Império de Jade é inspirado na cultura oriental. Todo o trabalho gráfico e ilustrado passa essa mensagem. O RPG não é para qualquer campanha de animê e mangá — para isso, já há 3D&T e tantos outros jogos.

Império de Jade busca a atmosfera de obras como Rurouni Kenshin, Inuyasha (e agora Yashahime), e Demon Slayer. Os personagens são poderosos, capazes de feitos sobrenaturais, mas em um mundo feudal de honra e lutas de espadas, socos e chutes. Bem, pelo menos na maioria das vezes.

RPGs mais famosos como Lenda dos Cinco Anéis e Blood & Honor se dedicam a retratar um Japão feudal (com pitadas de China e Coreia) um pouco mais fiel, mesmo quando há elementos mágicos. Já em Império de Jade, a inspiração cultural é evidente, mas não existe essa pretensão histórica.

Fica a critério da mesa seguir esses elementos culturais mais à risca ou não, exatamente como ocorre em vários mangás e animês fantasiosos que se passam nesse período.

A honra em Império de Jade

Tamu-ra é terra de samurais e devotos do deus da honra, então não poderiam faltar regras para personagens mais certinhos e outros… nem tanto. Aqui, Honra tem H maiúsculo e é uma habilidade como Força, Inteligência ou Carisma, determinado na criação do personagem. Mas, diferente dos outros valores, é o único que pode mudar de acordo com atitudes e decisões do jogador.

Além disso, a habilidade pode ser usada para incrementar jogadas de dados, ajudar a se defender e a resistir a efeitos, tanto por meio de talentos especiais, quanto por usos gerais de Honra. Ter Honra alta exige disciplina e discrição, mas tem suas vantagens!

Mesmo assim, a Honra pode ser bem restritiva às vezes na hora de criar personagens fora da caixa. Isso é proposital, para refletir o comprometimento necessário de ser alguém honrado, mas ao custo de limitar opções aos jogadores.

De todas as regras que Tormenta20 herdou de Império de Jade, essa talvez seja a única a permanecer exclusiva. Os motivos para isso são claros: a moral em Tamu-ra é diferente e até mais importante para a experiência do jogo. Logo, é lá que você encontra a satisfação de ser um samurai honrado ou um ninja safado.

Personagens coloridos e diversos

Assim como o continente de Arton, Tamu-ra é habitado por muitas pessoas e seres diferentes. Houve muita criatividade em trazer lendas e arquétipos orientais como raças e classes de forma que combinasse com o mundo de Tormenta.

Em Tamu-ra não há apenas samurais humanos sisudos e estoicos! Há meios-youkai (como o Inuyasha!); hengeyoukai capazes de se tornar animais; os famosos nezumi, ratos humanoides; e até os atípicos vanara e mashin — um povo macaco sábio das montanhas e construtos criados por mortais que pensam e sentem (ou não?).

Figurinhas famosas do continente também dão as caras em roupagens novas, como o kaijin, que é uma versão mais grotesca e horripilante do lefou; e o ryuujin, um meio-dragão mais honrado e uma bênção direta de Lin-Wu a famílias dignas o suficiente.

Nas classes, há uma atualização de classes já conhecidas, como samurai, monge e ninja, para as novas regras de Império de Jade. É claro, também há classes inéditas, como os yakuza, shugenja e shinkan. Essas classes novas são mais ou menos equivalentes às antigas classes de Tormenta RPG em conceito, mas em termos de regras e habilidades trazem muitas novidades.

Mas e a Tormenta?

Mesmo depois de derrotada em Tamu-ra, a tempestade rubra ainda está presente. A diferença é que, enquanto no continente, ela se mostra um desafio para níveis altos, em Império de Jade, ela é mais comum e frequente já desde os níveis baixos.

Claro que a Tormenta não desistiria simplesmente do arquipélago, mas sua derrota foi considerável. Os aventureiros agora lidam com seus resquícios enquanto reconstroem seu império.

Por isso, as criaturas aberrantes possuem NDs baixos no bestiário do livro — o que não impede que seu grupo ainda encontre vários juntos em níveis mais altos.

Império de Jade e Tormenta20

Entre Tormenta RPG e Tormenta20, muitos consideram Império de Jade um Tormenta 1.5. Essa percepção não poderia estar mais certa!

Muitas ideias novas e queridas pelos jogadores fizeram sua estreia neste RPG, como os PMs como recurso universal das habilidades e os aprimoramentos dos jutsus e das magias, além de talentos e poderes mais acessíveis e generosos.

Como é um livro básico separado da linha anterior de Tormenta, a Jambô ainda tem planos para continuar o suporte com suplementos futuros. Na própria Dragão Brasil, Tamu-ra tem tido mais atenção do que nunca: aventura, adaptações e novas regras e mecânicas!

7 COMENTÁRIOS

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Roberto Rodrigues

Tem como usar as fichas de imperio de jade em T20. Ou pelo menos adaptar elas

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    Mauricio

    Olá Roberto, o ideal é utilizar a ficha de T20 mesmo, caso tu queira utilizar alguma mecânica de Império de Jade basta adicionar o status de honra. Magias e talentos já é um pouco menos fácil, mas ponderar e comparar com o material de T20 já t da uma luz.

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    Glauco Lessa

    Roberto, eu sugeriria usar as raças desconsiderando modificadores de Honra. Assim fica mais próximo do T20. Se você fizer muita questão de usar Honra, aí teria que ver como gerar o valor desse atributo. Se você joga rolando os atributos, é fácil, só rolar. Se for por distribuição de pontos, teria que ver. Pra facilitar, eu deixaria os jogadores começarem com um valor qualquer entre 8 e 16 dependendo da build do personagem, já que o valor flutua bastante mesmo ao longo do jogo. Mas isso é o que eu faria pra manter tudo mais simples.

    Os talentos de IdJ como poderes ou até o uso de classes já é uma mistura mais ousada. Foi como falei pro Luciano: só com permissão do mestre e da mesa, e a galera tem que entender que equilíbrio não pode ser o mais importante num caso desse, e sim a diversão do crossover.

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Luciano

Um personagem do império de Jade é equilibrado se comparado com o de tormenta 20? Isso vale para os monstros também na questão de ND?

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    Glauco Lessa

    Equilibrado, não é. Mas é compatível, sim, com um pouco de modificação. Mas o mestre tem que concordar e priorizar a diversão da galera jogar com crossover em detrimento de ter situações equilibradas.

    Já a ND do IdJ é pensada de forma igual ao de TRPG, e não de T20. Minha dica seria você pegar o ND do monstro do IdJ e subtrair 2. Deve funcionar pra maioria dos casos.

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gervasiosf

Olá pessoal

Eu gosto muito desse RPG, mas sinto falta de mais material, como uma classe focada em perícias ou cunho social, mas diferente do Yakuza. Talvez uma classe Cortesão?

Até mais.

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Artur

Esse suplemento é bom mas se engana aquele que pensa que a algo realmente de japonês nisso é apenas um grande compilado de misturas das diversas culturas de oriente tá mais pra aventuras asiáticas do que aventuras japonesas tá mais pra Ásia Coréia e china do que pra Japão mas é bom pra joga sim